Delegada diz que acesso restrito não "estava claro"

28/06/2011 15:33

 

  • Resultado de perícia ainda não saiu; testemunhas e vítimas serão ouvidas


  • Prazo da Polícia Civil para finalização das investigações é de 30 dias, podendo ser prorrogado

    A delegada titular da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), Alexandra Campos Mensch Fachone, responsável pelo caso das mortes e lesões ocorridas no Pantanal Shopping Center, no dia 21 último, afirmou que, apesar do local do acidente ser de acesso restrito, não havia qualquer impedimento claro para ultrapassagem.

    "Existia no percurso uma saída de emergência, que os adolescentes andaram em sentido oposto à ela, indo parar sobre um terraço. O shopping alega que o local era de acesso restrito, mas não havia impedimento ou mesmo uma sinalização falando dessa restrição", disse a delegada.

    De acordo com Alexandra, qualquer penalidade ao estabelecimento por descumprimento às normas de segurança só poderá ser feita a partir da finalização do inquérito. A delegada tem o prazo de 30 dias para concluir as investigações, podendo ainda ser prorrogável, caso haja necessidade.

    Até o momento, houve perícia no shopping e oito pessoas já foram ouvidas, entre vítimas, testemunhas e funcionários do Pantanal.

    "O resultado da perícia ainda não ficou pronto e deve ser entregue nos próximos dias. Além disso, outras diligências naturalmente irão surgir no transcorrer da investigação. Resta ouvir alguns adolescentes, funcionários que trabalharam no resgate, os bombeiros que trabalham no shopping e funcionários da segurança", afirmou.

    Segundo Alexandra, em entrevista concedida nesta terça-feira (28), os relatos até o momento levam a acreditar que o ocorrido foi um acidente. Ainda não há uma definição sobre quantas pessoas devem ser ouvidas na investigação.

    Em nota à imprensa, a Polícia Judiciária Civil já havia informado na semana passada de que, por se tratar de crianças e adolescentes, informações das investigações seriam repassadas apenas ao final do inquérito, para preservar a imagem dos menores.

    Indenização

    A respeito do ocorrido, o advogado das famílias de Keisa Souza e Marcelino Santos Souza, que morreram devido à queda, Marcelon Angelos, afirmou que esperaria o inquérito ser finalizado para entrar com pedido de indenização por danos morais.

    De acordo com ele, não haveria dúvidas que o shopping teria responsabilidade sob o caso, mesmo que os adolescentes tenham ultrapassado um local de acesso restrito.

    "Eu não tenho dúvida de que responsabilidade existe por parte do shopping. Se há uma saída para uma área de emergência, no mesmo espaço onde existe outra saída que dá acesso ao teto, que é exclusivamente para manutenção do sistema de ar condicionado, no mínimo, deveria existir uma grade, uma porta. Ou um segurança e, até mesmo, identificação. No local não existia nenhuma faixa, nenhum informativo dizendo que ali era proibido o acesso", observou o advogado, em entrevista coletiva na semana passada.

    Relembre a queda

    No dia 21 de junho, oito adolescentes, entre 12 e 15 anos, se encontraram na praça de alimentação do Pantanal Shopping Center e decidiram se "aventurar" em uma área restrita, que também é, segundo placas no local, saída de emergência. Nas primeiras informações repassadas à imprensa, eram contabilizados cinco adolescentes.

    Eles foram até uma escada, no final do corredor, sendo que quatro deles, Keisa, Marcelino, Guilherme e Camyla, subiram e chegaram ao teto. Com o peso, o teto cedeu e Keisa e Marcelino foram os primeiros a caírem de uma altura de 12 metros.

    A menina chegou a ser socorrida pelo pronto-atendimento do shopping, mas não aguentou e morreu no local. Em estado grave, Marcelino foi encaminhado ao Hospital e Pronto-socorro Municipal da Capital, porém faleceu horas depois. Guilherme e Camyla foram levados ao hospital, porém não estavam em estado grave.

    Fonte:MidiaNews