Dilma propõe pacto em caso de vitória

14/04/2016 08:38

Indagada se participaria de um pacto no caso de derrota, a presidente Dilma Rousseff disse que se perder seria carta fora do baralho

 

A suspeita de que um servidor falecido ainda esteja na folha de pagamento da Assembleia Legislativa fez com que o Ministério Público Estadual (MPE) instaurasse um inquérito civil público para apurar o fato. A investigação será comandada pelo promotor Célio Joubert Fúrio, responsável pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Cuiabá. Conforme denúncia recebida pelo órgão fiscalizador, o servidor José Antonio da Matta Rodrigues recebeu salário por dez meses após a sua morte. O servidor era lotado no gabinete do deputado estadual Romoaldo Junior (PMDB). De acordo com a denúncia, ele faleceu em 8 fevereiro de 2014. No dia 19 daquele mês, foi publicada portaria declarando a vacância do cargo em virtude do falecimento do servidor. Apesar disso, a Casa de Leis continuou a pagar o seu salário até o dezembro do mesmo ano. Diante disso, o Ministério Público solicita determinadas informações ao Departamento de Pessoal do Parlamento Estadual. A Casa de Leis terá que apresentar dados acerca da folha de pagamento do Legislativo referente ao ano de 2014. Além disso, o promotor ainda requisitou cópia dos holerites do servidor falecido e, à agência bancária, cópia da conta em que era realizado o pagamento para ele após seu falecimento. A Assembleia ainda deverá fornecer a data em que o pagamento foi suspenso, bem como as razões. (KA)
Dilma em reunião com jornalistas na manhã de ontem em seu gabinete, no Palácio do Planalto

Fonte:Diario de Cuiaba

Mesmo admitindo que o momento seja de incerteza, a presidente Dilma Rousseff voltou a dizer que não vai renunciar ao seu mandato e que vai lutar "até o último minuto do segundo tempo" para que o governo consiga derrubar o processo de impeachment contra ela no Congresso Nacional. 

Indagada se participaria de um pacto no caso de derrota, ela respondeu: "Se eu perder, sou carta fora do baralho". A presidente não deixou claro se a proposta de repactuação será apresentada após a votação do impeachment na Câmara ou no Senado. 

“Trabalharei todos os dias até o final do meu mandato, em 31 de dezembro de 2018. É por esse compromisso que estamos lutando sem descanso para superar o golpe na forma de impeachment sem crime, que estão imputando ao país”, disse. 

Em reunião com jornalistas na manhã de ontem em seu gabinete no Palácio do Planalto, Dilma disse que se o processo foi arquivado na Câmara, ela vai propor um governo de repactuação, como o que o ex-presidente Lula já vem articulando com diversos setores da sociedade, "sem vencidos nem vencedores". 

"A crise no país é tão grave que não há solução que não seja por meio de um pacto (...) Quem pode recuperar são as pessoas, os empresários, os movimentos sociais, oposição, os contra mim, os a favor. Eles que são importantes. Se não pactuar, não tem saída. Tem de sentar e escutar as propostas deles e botar o trabalhador na mesa". 

Dilma também disse ter certeza que os brasileiros estarão ao seu lado na votação impeachment. “Vamos vencer a batalha contra o golpe, que é o impeachment sem base legal. A partir da próxima semana, com essa página virada, nós vamos iniciar a repactuação das condições para superar a crise e retomar o crescimento”. 

De acordo com a presidente, o governo dará continuidade às ações que tem desenvolvido e chamará o país para o que chamou de “grande pacto”. “Um diálogo nacional, em todos seguimentos, não só político, mas com empresários, trabalhadores e todos os que querem um país melhor”, afirmou. 

Questionada sobre as afirmações que fez em repercussão ao vazamento de um áudio no qual o vice-presidente Michel Temer discursa como se o impeachment tivesse sido aprovado na Câmara, a presidente não citou o nome do vice, mas fez novamente alusão a ele e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como articuladores do "golpe". 

"Chamei de chefe do golpe e de vice-chefe do golpe. Só não sei quem é o chefe e o vice-chefe. Vocês também não sabem. São associados. Um não age sem o outro. Aqui ninguém é ingênuo' (...) Nunca vi vazar para si mesmo. Achei interessantíssimo. Foi tratado como vazamento Mas não foi. Foi uma divulgação deliberada”, observou. 

POLÍTICA 

Dilma também relacionou a crise econômica brasileira com a crise política e responsabilizou Cunha por esse processo. De acordo com a presidente, a capacidade da recuperação da economia nacional mostrou-se limitada por conta dos constantes problemas políticos criados no Congresso. Ela citou como exemplo as chamadas ‘pautas-bomba’, colocadas em votação pelo presidente da Câmara. 

“É importantíssimo que não se tenha a forma de organização que há na Câmara dos Deputados com o atual presidente da Câmara dos Deputados. Esse presidente da Câmara dos Deputados é dos grandes responsáveis pelas ‘pautas-bomba’, é um grande responsável pela não votação de reformas“, disse.