Policiais civis já ameaçam invadir a Arena Pantanal
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Eles querem chamar a atenção do Governo para as reivindicações; greve geral é retomada
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MidiaNews
Em assembleia-geral, policiais civis discutem a possibilidade de retomar a greve geral no Estado
Revoltados com o que consideram "descaso" por parte do Governo do Estado, os investigadores e escrivães da Polícia Civil de Mato Grosso decidiram retomar a greve geral e radicalizar na condução do movimento que reivindica melhorias salariais.
Em assembleia-geral, realizada na tarde desta terça-feira (19), sede do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil e Agentes Prisionais de Mato Grosso (Siagespoc), em Cuiabá, os policiais ameaçaram invadir o canteiro de obras de construção do novo Estádio Verdão, a Arena Pantanal, e impedir a continuidade das obras.
Segundo o sindicato, essa seria uma maneira de chamar a atenção do governador Silval Barbosa, que, segundo os policiais, não quer conversar com as categorias. "Queremos que o governador olhe para nós, porque, agora, o Governo só tem olhos para a Copa. Queremos chamar a atenção do Brasil inteiro para falta de respeito do Estado para com a Policia Civil", disse o presidente do sindicato, Cledison Gonçalves da Silva.
A proposta encaminhada via e-mail, no início da noite de segunda-feira (18), por meio da Secretaria Estadual de Administração (SAD), não agradou aos investigadores e escrivães. A categoria alega uma total desvalorização dos profissionais por parte da administração pública.
"O Governo reconhece a nossa categoria como nível superior, mas isso é somente no papel, pois na folha de pagamento recebemos um mísero salário de nível fundamental. Somente em 2014, o nosso salário corresponderia ao piso de nível superior. Até lá, o valor já estaria defasado novamente", disse o sindicalista.
Outra reclamação dos profissionais é sobre de condições de trabalho. Investigadores e escrivães relataram que faltam computadores e até mesas para poderem trabalhar. Eles reclamam ainda que foi cortado o convênio que autorizava a lavagem das viaturas, que, de acordo com os profissionais, estão em péssimo estado de conservação.
"Eu me recusei a sair com uma viatura, durante essa semana, pois ela estava tão suja que não tinha como usá-la. Não recebemos insalubridade, as condições de trabalho de hoje são totalmente insalubres", relatou.
Protesto na Arena do Pantanal
O Siagespoc esta organizando a "invasão" do canteiro de obras da Arena do Pantanal, no bairro Verdão, para a próxima quinta-feira (21). Os sindicalizados pretendem proibir a entrada dos trabalhadores e funcionamento das máquinas.
Eles já preveem um confronto com a Polícia Militar. "Sabemos que a Policia Militar vai tentar barrar o protesto, mas iremos enfrentá-los da forma como for necessária para que nossas reivindicações sejam ouvidas. Não é um ato de vandalismo, é o desespero de trabalhadores que enfrentam o perigo todos os dias e que não são valorizados", disse Cledison.
100% de braços cruzados
Durante a assembleia-geral desta terça-feira, também foi cogitada a paralisação total dos profissionais, que, em período de greve, atuam com 30% do efetivo.
"Caso a Justiça venha com uma liminar e diga que nossa greve é ilegal, vamos paralisar 100% das atividades. Deixaremos as delegacias apenas com os delegados, que são os únicos que têm o respeito do Governo. Não haverá confecção de boletins de ocorrência, registro de flagrantes e muito menos investigações. Vamos parar tudo", disse presidente do sindicato.
Proposta indecente
O Siagespoc avaliou a proposta enviada via e-mail no início da noite de terça-feira (18) como "vergonhosa e indecente". Segundo a tabela enviada pela SAD, a partir de dezembro de 2011, o salário inicial seria 2.460 e, o final, para classe E, nível mais alto da carreira policial, R$ 6.231. Já a partir de maio de 2012, o inicial seria R$ 2.706 e o final, R$ 6.854.
Em maio de 2013, os escrivães e investigadores passariam a receber R$ 2.976 e R$ 7.539. No mesmo mês do ano seguinte, 2014, os salários seriam R$ 3.274 e R$ 8.293, inicial e final, respectivamente.
A categoria almeja um salário inicial de R$ 3.460 para já e a possibilidade de atingir o teto de R$ 10.900 até o ano que vem.
O movimento
A greve dos investigadores e escrivães começou no dia 1º de julho e durou 13 dias. A paralisação foi suspensa na semana passada para que o Governo pudesse apresentar uma proposta de reajuste salarial.
Os únicos trabalhos mantidos em 100% são das prisões em flagrante, retirada de corpos de vias públicas e residências, bem como a transferência de presos.