Vereadores de municípios pequenos podem ficar sem salário

Vereadores de municípios pequenos podem ficar sem salário

Proposta de senador de Goiás deverá causar diversas manifestações pelo país justamente em época de eleições

Escrito:Por Janine de Oliveira     Fonte:Clique F5

Se aprovada a PEC os vereadores continuarão recebendo seus salários

De autoria do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim do pagamento da remuneração de vereadores em municípios com até 50 mil habitantes, irritou o presidente da União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (Ucmmat), Alex Vieira Passos. 
Se aprovada, a medida deve atingir aproximadamente 85% das 141 Câmaras Municipais, ou o equivalente a aproximadamente 120 cidades, representando em média 1.050 do total de 1.334 vereadores no Estado. 
Alex avisa que fará ação junto à União dos Vereadores do Brasil(UVB) na tentativa de impedir a aprovação da proposta classificada por ele de “uma aberração jurídica, desproporcional e irracional”.
No caso de Primavera do Leste a lei não afetaria a Câmara, uma vez que, pelos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, o município possui cerca de 52 mil habitantes, mas a estimativa é de que esse número seja maior beirando os 70 mil habitantes.
A PEC tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, com texto subscrito por outros 30 parlamentares, dentre eles dois senadores do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR) e Pedro Taques (PDT). 
Se aprovada pelo Congresso Nacional, requerendo ainda aval da Câmara dos Deputados, a PEC deverá atingir cerca de 90% dos legislativos no país. Outro ponto da PEC se refere à limitação do total de despesas nas Câmaras Municipais com previsão de mudança, que deverá ser de no máximo 3,5% da arrecadação do município, hoje esse índice é de 7%.
Vieira disse que a proposta não aponta estudo profundo sobre a realidade das cidades a que se propõe as alterações. Criticou duramente a PEC ao assegurar que “a ideia do senador é bonita e segue estilo europeu. Mas não deverá lograr êxito no Brasil, em razão das diferenças culturais, sociais, de ordem política, de ideais e de cunho econômico” - frisa o presidente.
A Ucmmat não vê parâmetros legais para sustentar a aprovação da PEC. 
E chama a atenção para um quadro inverso, onde a maioria das câmaras municipais de Mato Grosso atravessa dificuldades para dar andamento aos trabalhos. 
“Existem municípios em que um vereador recebe R$ 800, e a remuneração chega em média a R$ 1,4 mil com o adicional de verba de gabinete. É pouco para um parlamentar que tem que vir a Cuiabá muitas vezes para tentar intermediar solução para os problemas da população que ele representa” -  disse ao afirmar que irá cobrar o estudo do senador autor da PEC, que aponta “economia por regiões”.
No Senado, o parlamentar espera que vereadores assumam compromisso por convicção cívica. Entende que a proposta irá ajudar os pequenos municípios com economia dos cofres públicos. 
Na proposta, ele lembra que o número de vereadores pode superar a marca de 59 mil nas eleições de 2012, quase 7 mil a mais do que em 2008. 
O aumento ocorre face à regulamentação da PEC dos Vereadores, aprovada em 2009, que permitiu o aumento do número de vagas nos legislativos de todo o país. 
Primavera do Leste criará mais nove vagas no legislativo, que  segundo o presidente da Casa, Felipe Nogueira (PR), esse aumento não significará mais oneração aos cofres públicos, “o orçamento deverá ser o mesmo. Uma cidade como Primavera precisa de mais grupos representados na Câmara, e também mais membros para comissões” - considerou em uma entrevista concedida ao O Diário e Cliquef5.