Cresce número de acidentes com aviões agrícolas em MT

02/05/2016 07:03

Fonte:Soraya Medeiros, repórter do GD


No 1° trimestre de 2016 ocorreram 4 acidentes com aeronaves agrícolas, um número que corresponde a 80% do total de ocorrências do ano passado e já equipara a todos os acidentes registrados no ano de 2014, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Ainda segundo a Cenipa, as cidades de Mato Grosso que mais tiveram acidentes nos últimos 5 anos foram: Sapezal (03), Primavera do Leste (02), Confresa (02), Tangará da Serra (02), Paranatinga (01), Colíder (01), Canarana (01), entre outras.

O presidente do Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Nelson Paim conta que Mato Grosso têm a maior frota de aviões agrícolas do país, contendo 467 aeronaves. Em segundo lugar fica o Estado do Rio Grande do Sul com 420 e São Paulo com 287.

Nelson explica que no caso específico da aviação agrícola, 60% das ocorrências têm relação com manobras feitas em baixas alturas, perda de controle do voo ou falha do motor. Outra questão em discussão é que o brasileiro agrava a situação dos voos.

"Há muita gente que, mesmo estando fora do prazo de revisão do equipamento e sabendo, se arrisca e deixa para fazer isso depois da safra, é quando acontece os acidentes aéreos. Outro exemplo é o famoso voo garupado, 90% das aeronaves agrícolas só tem lugar para uma pessoa. Mas, muitos ainda colocam outro passageiro atrás do banco do piloto para dar uma carona", relata.

Paim diz que o elevado número de acidentes é preocupante e uma das bandeiras da entidade é ter regras mais rígidas para a formação de pilotos. A sugestão, já encaminhada à Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac), é a ampliação do número de horas práticas para a formação de piloto agrícola, das atuais 370 para 500.

A assessoria de imprensa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), destaca que todas as aeronaves civis brasileiras são controladas pelo Sistema de Aviação Civil e seus dados são frequentemente atualizados junto à ANAC. Ou seja, todas as aeronaves e pilotos da aviação civil, brasileiros ou não, que utilizam o espaço aéreo brasileiro e os aeródromos deste país estão sujeitos às fiscalizações da Agência por meio de sistemas e inspetores de aviação civil presencialmente.

O órgão informou que a fiscalização em aeronaves do estado é contínua e que realiza operações especiais em aeroportos para aumentar a segurança no setor agrícola. A última operação em Mato Grosso aconteceu em 2014.

A Cenipa mostrou também que os principais fatores que contribuíram para os acidentes nos últimos cinco anos foram que: 19,23% ocorreram devido ao julgamento de pilotagem, 12,09% foi no planejamento do voo, 10,44% na aplicação de comando e 10,44% na supervisão geral das aeronaves.

O órgão explica que as ações têm como objetivo propiciar o incremento das atividades aéreas aliadas à segurança de voo. "Uma das ferramentas mais utilizadas é a investigação das ocorrências aeronáuticas, cujo produto é a emissão de recomendações de segurança com valiosos ensinamentos relativos à prevenção de acidentes".

Para o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), tão importante quanto o que ocorreu é o que poderia ter contribuído para o acidente, pois assim são evitadas ocorrências de novos acidentes.